quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

Será????

Tudo leva a crer que as facécias de Carnaval em Torres Vedras, tal como hoje o conhecemos, tenham emergido no rescaldo da luta dos republicanos contra a dinastia dos Braganças. A imponência das vestes reais em que se integram elementos de ridículo como o ceptro régio transmudado em corno ou o leque de Sua Sereníssima Alteza, a Rainha, alterado para abano de fogareiro plebeu, parecem credibilizar esta génese.A actual gesta do Carnaval de Torres, nascida em 1923 contem já os elementos distintivos que hoje permanecem: os Reis, as matrafonas, o cocotte, os carros alegóricos, os cabeçudos e a espontaneidade.
Os carros alegóricos do princípio do século XX patenteiam já aquilo que são hoje : criatividade na sua concepção, carga satírica, valorização de elementos plásticos, animação das alegorias. Quase se pode dizer que a alteração mais significativa é a forma de tracção que vem evoluindo ao longo dos anos.Não deixa de ser curioso que os cabeçudos – um elemento indispensável no Carnaval de Torres – apareçam nos primeiros documentos iconográficos. Originariamente feitos de pasta de papel nunca deixaram de engrossar, adquirir novas e mais diversificadas roupagens e de desenvolver o seu acompanhamento musical – sempre grupos de Zés Pereiras. O Carnaval de Torres, assumiu desde logo o carácter espontâneo da sua participação, na tradição das manifestações de Entrudo em Portugal, cortando cerce a separação entre actores e espectadores que actualmente vinca quase todas as festas de Carnaval, fazendo jus à reivindicação de ser “o mais português de Portugal”, quase se podendo, mesmo, dizer que é “o único Carnaval português de Portugal”, tamanha é a influência brasileira sobre as grandes festas de Carnaval no Portugal dos nossos dias.
Site Carnaval de Torres Vedras