segunda-feira, 24 de março de 2014

O Gordo

Chega o gordo todo à bruta
Entra no baile de gente fina
Pede uma dança à saia curta
De seu nome Jesuína
O seu jeito de elefante
Põe o povo em alvoroço
Que não gosta do pedante
Que troca camarão por tremoço
O gordo não é baixo nem alto
Pode até ser magro, peralto
Com modos ou a cheirar a chulé
Mas será sempre um labrego
Sem ninguém lhe dar apego
Que só lá vai de marcha à ré.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Hesitar

Hesitar
Caminhar por entre as giestas
Correr ao encontro das bestas
Parar e as flores contemplar

Hesitar
Fechar os olhos à noite
Não ter ninguém que açoite
O corpo que pensa em parar

Hesitar
Não querer perder um amigo
Estender a mão quando há perigo
Cantar-lhe uma canção de embalar

Hesitar
Depois do fúnebre inverno
Que nos pareceu quase eterno
Venha a primavera para amar

terça-feira, 18 de março de 2014

O bom samaritano

Ao passar por "aquela" estrada o bom samaritano olhou a berma e viu um viajante postrado e disse-lhe:
- Amigo, precisa de ajuda?
Ao qual o pobre senhor respondeu:
- Sim, por favor, dai-me a mão para me levantar!
O bom samaritano assim fez, deu-lhe a mão, ajudou-o a levantar e o viajante seguiu caminho

Mais à frente, já mesmo a chegar a casa, o bom samaritano vê um vulto na berma da estrada e vai ver o que se trata:
- Está aí alguém? Precisa de ajuda?
Lá do meio do arvoredo ouve-se uma voz:
- Sim, por favor, dê-me uma mão!
O bom samaritano estende a mão para o ajudar o homem e diz:
- PORRA! As silvas arranham!

segunda-feira, 17 de março de 2014

A Terra das Árvores Pequenas

Era uma vez uma terra longínqua em que todas as árvores eram pequenas!
Os seus habitantes não as deixavam crescer para além dos 3,5 metros!
Certo dia alguém ousou perguntar aos escrupulosos funcionários responsáveis  pela poda, o porquê dessa directiva estranha. A resposta não poderia ser mais estranha ainda:
- Sempre foi assim. As árvores nesta terra não podem nunca ter mais de 3,5 metros de altura!
As pobre árvores de tantas podas e cortes encontravam-se num estado lastimável. 
Os poucos ramos, tinham poucas folhas que, por sua vez, davam pouca sombra...
As pessoas quando vinham às janelas de suas casas deparavam-se com as copas e não conseguiam ver a rua...
De noite, os postes de iluminação, como estavam acima das árvores, não permitiam a chegada da luz ao passeio...
Então resolveu deixar crescer as árvores da sua propriedade livremente. Quem passava acusava-o de ir contra aquilo que sempre todos se sentiram obrigados. Haviam mesmo mulheres que, ao passar junto às frondosas árvores, se benziam como de uma obra de Belzebu se tratasse. Mandaram mesmo o regedor da terra bater-lhe à porta para o abrigar a pôr as árvores na norma...
Com o passar dos anos a pressão fui diminuindo até ao dia em que toda população admirava as árvores desse alguém e vilipendiavam a aquela estranha ordem de as ter a 3.5 metros de altura!