terça-feira, 7 de dezembro de 2004

Pontes

Nos últimos tempos, em Canas de Senhorim, fala-se muito de “pontes”!...
São as “pontes” que foram destruídas, as “pontes” que se necessitam de construir, são pessoas que estão no meio da “ponte”, cidadãos que servem de “ponte”, canenses que estão com um pé em cada margem, “pontes de Himalaia”, eu sei lá… Só ainda não ouvi falar da Dulce Pontes, mas não espero pela demora!...
Gostaria contudo de lembrar que as “pontes” têm duas direcções, que para haver “pontes” é necessário existir uma concordância das duas margens e pessoas, também das duas margens, com vontade de atravessá-la. Caso contrário as “pontes” não têm razão de ser!...
Sobram as “pontes” dos interesses… As mesmas que trazem um subsídio, um emprego, um passeio empedrado ou uma obra aprovada…
Mas essas pontes sempre existiram, ou não? Depende é das pessoas que as fazem!... Se é o “Zé-povinho” fica com o nome de “vendido”, se é o “Sr. Prof. Dr. e Sábio” fazem-se “pontes” em que os interessados não são todos, mas alguns!

Façam-se “pontes”, as verdadeira “pontes”, “pontes” que se atravessem sem sentimento de culpa ou vergonha. “Pontes” que não sejam contra ninguém mas, principalmente, “pontes” que não ponham em causa a dignidade das pessoas.
Não façamos “pontes” à força… Perguntemos antes se, dos dois lados da margem, se querem as “pontes”… Uma “ponte” será como um casamento, tem de haver um “sim” dos dois noivos…

Mas se os noivos são do mesmo sexo?
Como diria o Dr. José Correia:
- Eu não faço filhos em mulher alheia!
Sim, concordo, é alheia… Mas nem que quisesse Sr. Dr., nem que quisesse!... Filhos não fará, porque os homens ainda não podem gerar filhos… Continue a “violar-nos”! Não apanhará SIDA e não fará filhos… Na realidade, só a nós é que magoa…
Eu por mim as “pontes” podem ser feitas, mesmo as dos interesses. Contudo, não esperem é que eu a atravesse e vá arrear as calças no outro lado...

segunda-feira, 6 de dezembro de 2004

O fim do Mundo

Zé Manel, homem baixo, gordo e de um forte bigode; pai de duas lindas filhas, altas e louras (e sem bigode!); marido de D. Eugénia, também com bigode (embora menos farfalhudo do que o do marido); chega a casa ás 7 horas da tarde, depois de um dia estonteante de trabalho na construção civil. A temperatura do dia rondou os 40ºC, não será difícil imaginar as condições odoríficas em que o bom homem regressou a casa!
Tira a T’Shirt, as botas, tem alguma dificuldade em descolar as meias dos pés, tal era o suor misturado com terra... Por fim, e de uma vez só, “saca” as calças e as cuecas, também suadas, e atira-se para a banheira. Nesse momento solta um sorriso como que antecipando o banho refrescante que se prepara para tomar... Pensava ele!
Para seu espanto da torneira não saía gota de água!
Irritando, e a falar mal do presidente da câmara, volta a vestir as cuecas, e só as cuecas, vem para o quintal e dirige-se para o motor de rega...
- O que vale é que tenho água do poço! – dizia... E sorriu pela segunda vez!
Mas depressa o sorriso virou um franzir de sobrolho... O motor não funcionava, não havia corrente eléctrica.
- Paga um homem dezenas de contos em electricidade e depois isto!...
Zé Manel decide esperar... De cuecas, sentado no muro da sua vivenda, ia perguntado a quem passava se tinham água e luz em casa. A resposta era sempre negativa!
Por volta da 8 da noite, chegam as duas filhas. Ainda elas não tinham entrado em casa e já ele as ia avisando que não havia água e luz em casa. Nesse mesmo momento vem ao encontro de Zé Manel a sua mulher que pedia:
- Ó homem vai-me pagara conta da luz ao multibanco porque é hoje o último dia!
O coitado de Zé Manel, “furibundo”, volta a vestir a roupa suada e vai pagar a conta da luz...
10 horas e 30 minutos... O homem decide telefonar para a EDP, mas por mais vezes que tente atende-lhe sempre a gravação:
- Obrigado por telefonar para o serviço de cliente da EDP, de momento não podemos atender, por favor deixe mensagem que depois contactamos com a maior brevidade possível!
Cansado dirigiu-se a casa do Presidente da Junta para demonstrar a sua indignação. No entanto, quando chegou a casa do autarca já outros lá estavam a lamentar o mesmo problema... Nada feito!
- Bem, tomo banho amanhã! – pensava ele outra vez!...

A mulher do meu irmão

Para muitos o mais importante das suas existências não é lutar por uma vida melhor, trabalhando com brio e alegria. É sim, tentar por todos os meios, fazer com que os que nos rodeiam tenham uma vida pior!...

“Era uma vez um homem estrangeiro...
Chegado a uma aldeia, cansado como estava, foi pedir abrigo a uma estalagem. O hospedeiro logo se aprontou a acolhê-lo, mesmo sabendo que, pelo aspecto, ele não tinha dinheiro para pagar! Só que havia um problema: como o estalajadeiro tinha de ir para férias nessa mesma noite, não podia ficar a tomar conta da estalagem. Pediu então ao homem que falasse com um dos seus empregados e combinasse um preço simbólico para ficar na estalagem essa noite. Assim, poderia manter a hospedaria aberta para o homem estrangeiro!
Chegou ao pé do chefe dos empregados e perguntou:
- Poderia ficar aqui esta noite a tomar conta da estalagem?
- Não posso, tenho que ver o futebol esta noite! – respondeu-lhe
- E você, poderia fazer essa caridade? – perguntou ao cozinheiro!
- Já agora não me faltava mais nada!
Dos 15 empregados da hospedaria, 14 viraram-lhe as costas. Faltava o Zé, o Jardineiro, que não tinha sequer autorização para entrar na hospedaria! A resposta dele foi afirmativa, faltava só a autorização do dono:
- Bem, visto você ter dificuldades em encontrar um funcionário meu para tomar conta da hospedaria esta noite, que seja o jardineiro!
E assim foi!...
No dia seguinte o homem estrangeiro chamou o jardineiro e disse:
- Toma lá 1 000 contos.... Dá metade ao dono da estalagem porque é um homem bom... Divide o resto com todos os que trabalharam contigo esta noite para me acolherem!
- Mas senhor, eu fui o único que aqui estive! – exclamou o Zé
O homem retorquiu:
- Faz o que eu te mandei! – e continuou viagem para Sul...

Depois dos outros empregados saberem o dinheiro que o Zé tinha ganho nessa noite, foram fazer queixa do homem estrangeiro:
- Os lençóis estão todos rasgados! – dizia a camareira...
- Partiram-me 5 pratos! – ‘berrava’ o cozinheiro
- Tenho as escadas cheias de terra! – ‘zurrava’ a mulher da limpeza
Então o Dono chamou todos à sala e esclareceu:
- Cozinheiro, os pratos estão partidos desde o mês passado – e continuou – há quanto tempo não são limpas as escadas? E os lençóis, porque foram buscar os que estavam no lixo e os colocaram ontem à noite?
Por sorte o Homem da estalagem era uma pessoa justa, conhecia os empregados que tinha... Então, pegou na sua metade, entregou-a também ao Zé jardineiro e nomeou-o gerente da estalagem”

Se calhar é mau não nos disponibilizarmos para ajudar ou estar ao serviço dos outros.
Se calhar é mau termos inveja dos outros ganharem dinheiro, que poderia ser nosso, se nos sacrificássemos pelos outros!
Mas, é péssimo, lançar falsos testemunhos, por em causa o bom nome de pessoas e instituições, só porque a nossa preguiça nos traiu e a inveja nos subiu à cabeça!
Quem quiser que enfie a carapuça!... Eu já ando com a minha na cabeça!...

Vanilla Sky

O Zé comprou um livro!
O dono da livraria, o Sr. António, em conversa com a menina Isaltina comentou esse facto... À saída da loja, a menina Isaltina, encontrou uma amiga de infância, a Belinha. No meio da “cavaqueira” disse:
- O Zé comprou um livro para lêr!
A Belinha, ex-namorada do Zé, num tom sarcástico comenta:
- É de certeza sobre motas, ele só pensa nisso!
Isaltina ouviu e concordou! No caminho para casa teve ainda tempo para saudar a Dona Rosa...
- Ó Dona Rosa tudo bem? Então o Zé não comprou um livro sobre motas...
- Então foi ele que roubou a mota do tio Joaquim e vai saber os preços para a vender! – Concluiu a Dona Rosa.
Esta, que até tinha a panela ao lume, arranjou ainda disponibilidade para passar na loja do filho do Tio Joaquim:
- Afinal foi o Zé que roubou a mota do teu pai, Pedro!
- Verdade Dona Rosa?
- Ó rapaz, estou-te a dizer, foi a Isaltina que me o garantiu!
O Pedro, filho do Tio Joaquim, furioso, sai porta fora em direcção a casa do Zé...
Ia o rapaz numa grande correria quando foi parado por Tiago:
- Ó Pedro, vais com pressa?!...
- Vou “malhar” no Zé, roubou a mota ao meu pai! - E continuou – parto-o todo!
Tiago acalmou o Pedro, disse que era melhor ser ele a falar com o Zé para o chamar à razão. Pediu ao furioso rapaz para compreender a situação dele: ia ser despedido da empresa onde trabalhava!
Pedro voltou para a loja sem saber bem o que fazer... Encontrou a Dona Rosa, que ainda tinha a panela ao lume, a contar a estória do roubo, ao qual ele acrescentou a estória do despedimento.
Dona Rosa deitou as mãos à cabeça por ficar a saber mais aquela revelação e correu para casa... Lembrou-se da panela ao lume! No entanto, ainda teve tempo de contar o todo imbróglio à tia Maria, sua vizinha...
Tia Maria, conhecida pelas suas saborosas empadas, apressou-se em contar à sua cunhada, mas, azar... Ela não estava em casa! Investigou dentro cafés e lá encontrou a cunhada que tomava a sua “bica”...
- Ó cunhada, então não foi o Zé que roubou a mota do tio Joaquim para ter dinheiro para a droga!
- Não diga Tia Maria!
- Sim, dizem que o vão mandar embora da empresa porque ele vai sempre drogado! – ao qual a cunhada respondeu:
- O Mundo está podre!
Escusado será dizer, que toda esta conversa se desenrolou em tom alto na presença de uns quantos clientes do café! Numa das mesas já um grupo comentava:
- Por isso é que dizem que anda aí a PJ!
- Então já está lixado!...
...
Dias mais tarde passei no mesmo café e ouvi:
- Ele faz parte de uma rede de droga
...
Passados mais alguns dias...
- Ele é um dos maiores traficantes de Portugal, por isso é que ninguém lhe deita a mão! – Outro ao lado acrescentava:
- Por isso é que ele ainda não está preso!
Fiquei a saber uns meses mais tarde, em conversa com o Zé apenas uma verdade: Ele tinha ido à livraria comprar um livro para oferecer ao pai no seu aniversário... Tudo o resto não passam de pontos acrescentados ao conto que nada têm de verdadeiro...
... Já agora uma curiosidade: o livro era uma Bíblia!

sábado, 4 de dezembro de 2004

Toma lá que é para aprenderes!...

“Santana assegura que Sampaio garantiu que não dissolveria o Parlamento

O primeiro-ministro afirmou, na Póvoa de Varzim, que o Presidente da República lhe garantiu "por três vezes" que não dissolveria o Parlamento na véspera de fazer cair o Governo. Pedro Santana Lopes disse ainda que a política não pode ser feita com segredos, numa clara referência ao silêncio de Sampaio sobre as razões para a decisão que tomou.
"A política não pode ter segredos. Na segunda-feira de manhã (na reunião em Belém com Jorge Sampaio) foi-me expressamente garantido que quarta-feira de manhã não haveria dissolução. Fiz a pergunta três vezes, no início, a meio e no fim da conversa, e das três vezes isso foi-me garantido. Toda a gente tem direito a mudar de opinião, mas o que fez o PR mudar de opinião?" afirmou Santana Lopes.
”Por isso aguardo as explicações públicas sobre a dissolução do Parlamento", afirmou o também líder do PSD, que pouco depois disse que "os portugueses perguntam: o que se passou de segunda para terça-feira?".
Sublinhando que Portugal vai passar o próximo ano e meio em eleições, o líder do PSD questionou: "alguém consegue avaliar a responsabilidade ou a irresponsabilidade duma situação destas?".
O primeiro-ministro, que falava na tomada de posse da concelhia da Póvoa de Varzim do PSD, retomou a tese desenvolvida minutos antes pelo presidente da câmara local, Macedo Vieira, de que a decisão de Jorge Sampaio pode ter sido precipitada pelo "jantar de aniversário de um qualquer patriarca", numa alusão à festa dos 80 anos de Mário Soares dentro de uma semana.
O primeiro-ministro considerou ainda que o seu Governo mexeu com determinados interesses instalados, nomeadamente os dos que promovem a fuga ao fisco e os que temem o fim do sigilo bancário.”
Notícia SIC 4-12-2004

E o Aldra (também conhecido por Jorge Sampaio), ao seu melhor nível… Quem é aldrabão é aldrabão… Só que agora parece um mentiroso compulsivo!

Incha Santana… Já nós sofremos do mesmo!...

sexta-feira, 3 de dezembro de 2004

Portugal Português

Esta situação política criada com a ida para Bruxelas de Dr. José Manuel Barroso (também conhecido de Durão Barroso), feita folclore pelo Aldra (diminutivo de aldrabão, o mesmo que Sr. Jorge Sampaio) e transformada num circo por Santana Lopes deixa-nos (pelo menos a mim deixa) boquiabertos!...
Falando como português e não como canense parece-me óbvio que o Aldra, com a ida do outro para Bruxelas, viu uma oportunidade única de ser Primeiro-ministro e presidente ao mesmo tempo. Quis, e conseguiu, fazer de Portugal uma democracia presidencialista.
Aproveitando o fraco secretário-geral do PS da altura (Dr. Ferro Rodrigues), passou-lhe um atestado de incompetência (e valha-nos Deus que ele entendeu e demitiu-se), colocou os seus assessores a reorganizar um PS forte e toca de tomar o poder do País…
Pôs o Portas num “bunker”, fez do Santana um fantoche e defecou para a Assembleia da Republica. Na verdade, eram duas maiorias absolutas em confronto, a da coligação PSD/PP e a que elegeu o Aldra só que este último tratou logo de colocar uma espada sobre a cabeça da primeira, tipo chantagem, estão a ver?
Digo-vos que na minha opinião, se era para o Aldra fazer esta palhaçada deveria convocar eleições logo em Julho… Ah! É verdade… Assim queimou politicamente o Santana. Fez aquilo que a família Soares anda a tentar fazer à anos… eeeehhhhh!
Aldra, homem fraco, atirado para a presidência não porque tinha competência para isso, mas porque concorria contra Cavaco. Ou seja, ele não é presidente de todos os portugueses, mas sim, Presidente de todos os portugueses que eram contra Cavaco. Se em vez dele, colocassem um espanta-pardais ganhava na mesma!...
Até gosto do Sócrates (estou a falar politicamente, claro), se votasse até pensaria duas vezes (sou apartidário de direita – sinto-me algures entre o PSD e o PP), parece uma opção credível, mas… mas… Bem, logo se vê!
Aprecio o espírito de Santana Lopes mas não o vi, não o vejo e nem o verei como Primeiro Ministro… Talvez Presidente da República… Faz mais o seu género!
O futuro? Espero cá estar para depois comentar!.... eeeeeeehhhhhhh

quinta-feira, 2 de dezembro de 2004

UM BLOG!...

Antes de baptizar o Blog (voando sobre um ninho de cucos) gostava que soubessem que não consigo encontrar uma "template" com deve ser... Esta pareceu-me a melhor, mas não me perguntem (na verdade, também não vos dou essa hipótese) o porquê do verde… Até eu ainda me pergunto o porquê do verde!... Porque raio a melhor “template” do blogspot tem de ser verde?... Bem, vou ter de viver com isso!

Um blog de uma pessoa de signo gémeos e ascendente gémeos, só pode ter quádrupla personalidade… É um Blog de quádrupla personalidade!...
Por isso, nada melhor que chamá-lo “Voando Sobre Um Ninho de Cucos”, baseado num filme de loucos. Ainda hoje me pergunto se quem está doido são eles ou somos nós… Lembro-me da anedota da mulher que dizia, numa parada militar, que só o seu filho é que estava a marchar certo! E, se calhar, estava!

Em todos nós existem personalidades que reprimimos, em todos nós existe uma personalidade que a sociedade moldou e , pelo menos, outra moldada por nós!...

Este Blog parte sempre do princípio que ninguém lê, serve apenas como uma pasta onde o autor guarda toda a “tralha” que vai escrevendo sem ataques, pelo menos directos, a pessoas e também textos com alguma dignidade e decoro!...
Sou Católico apostólico Romano, Escuteiro de coração (porque na verdade nem farda tenho neste momento), Canense compulsivo, amigo dos amigos, paciente com os inimigos, Pai, Filho, Marido… Gosto de filmes (num cinema e a comer uma pipocas), benfiquista, apartidário (mas, sem dúvida, de direita), gosto de trabalhar (é triste mas é verdade), de tomar muitos cafés…

E agora que já me podem eleger como “miss”, baptizo este blog com água porque não bebo bebidas alcoólicas….

PS.: e fica este post com acesso a comentários para servir como livro de visitas

Com certeza que fico chateado

Com as boas novas (boas velhas, más novas ou más velhas), imponha-se um post!...
Não escondo a admiração com que veja a entrada neste processo do Pe. Ilídio. É do conhecimento público a minha desconfiança sobre o pensamento do referido clérigo sobre esta questão municipal. Também é verdade que lhe reconheço excelentes dons para padre...
É com alegria que vejo esta aparente(?) aliança (que não é é!) entre o pároco e o Luís... Parece-me uma boa solução!... Contudo, é a minha opinião, acreditem que há outras...

Mas, como eu sou muito mau, espero que venha o padre a celebrar o baptismo do novo concelho e não a extrema unção...
Isto de negociações e diálogos são como o outro diz:
- Falam, falam, falam e não se resolve nada... Fico chateado, com certeza que fico chateado!...
Mas eu digo mais:
Com conversas e diálogos iríamos a algum lado, mil vezes o diálogos e a exposição de pontos de vista, do que uma manifestação ou luta... Mas estamos a esquecer que estamos em Portugal... Neste belo País das duas uma ou só de dialoga depois de uma boa confusão ou se dialoga para não resolver nada!...

Mas como esta luta pelo município é, e todos têm de reconhecer, algo nunca visto, também é de acreditar que do diálogo apareça a "luz"...

Mudando um pouco o assunto.
Não vos parece significativo que a Presidência da República continue a falar em abrir dossiers, em tentar(?) resolver o problema?
Continuem com a mesma opinião sobre a problemática e não venham dizer que Canas de Senhorim, com Jorge Sampaio (aqui no blog tratado, carinhosamente, por cenourinha), não poderá ser concelho?
Volto a dizer, das duas uma, ou o homem quer mesmo resolver o problema e não tem abertura dos partidos, ou não quer resolver e vai estar com as negociações até se ir embora...

Neste país: Portugal
Cada um tem a sua opinião
Eu para mim não tenho dúvidas
Sampaio é um grande aldrabão!...

E se Canas não for Concelho
E Sampaio já saudoso
jamais em Canas esquecerão
Que ele foi um mentiroso

Queiram ver o que nos une
Mesmo cada um em seu sítio
Porque eu sei que todos querem
ver Canas de Senhorim Município

Opiniões no partido

Depois de ontem é bom ler as opiniões dos partidos:

Comecemos com o amigo Junqueiro PS:
“O líder da federação de Viseu do PS, José Junqueiro, apela ao Governo e ao Presidente da República que "falem verdade aos canenses", assumindo, de uma vez por todas, que o reclamado concelho de Canas de Senhorim "não é possível"”
E continua atacando o seu inimigo de sempre:
“José Cesário, então deputado na Assembleia da República (AR) eleito pelo PSD, assinou o primeiro projecto de lei para a criação do município, parte integrante do concelho de Nelas. "Ele é o primeiro responsável pelo que aconteceu! É autor do projecto de lei que criou a ilusão de concelho aos canenses e é participante activo das suas celebrações"”
Sr. Junqueiro, não é que isso mude muita coisa, mas Canas de Senhorim tem mais de 4000 habitantes…

Agora o PSD:
“Ao contrário, o líder da distrital do PSD de Viseu, Carlos Marta, reagiu, acusando o líder socialista de "irresponsabilidade". "Junqueiro gosta de fazer política de forma muito negativa. [As declarações demonstram que] é uma pessoa sem sentido de responsabilidade, porque ele e outros deputados do PS também já apresentaram propostas para a criação de concelhos", sublinhou. Marta "lamenta profundamente" os acontecimentos de anteontem, mas realça que não existem culpados pelas manifestações. "Todos têm direito a manifestar-se, a fazer reivindicações, mas cumpra-se a lei. Se alguém não cumprir a lei, tem de haver uma intervenção das forças de segurança", continuou”

E o Companheiro de coligação:
“Hélder Amaral, presidente do PP-Viseu, também "não culpa ninguém" pelos acontecimentos, mas sublinha que, "a haver hierarquicamente um culpado, seria a única pessoa que podia ser elemento de equilíbrio, o presidente da Câmara de Nelas", o socialista José Correia. "A política existe é para resolver os problemas das pessoas. Por isso, o PP apoiou o projecto, porque há pelo menos uma parte muito significativa da comunidade que quer ter nas suas mãos o destino de Canas. Mas não foi essa a vontade do Presidente da República", realçou, destacando que "a maioria PSD/PP respeitou essa vontade". Sobre a manifestação de terça-feira, Amaral explicou ao PÚBLICO que o PP apoia as acções do Movimento "na medida em que respeitem o Estado de direito. Peço ainda que tenha noção de responsabilidade".”

O Partido Comunista:
“Embora também não atribua responsabilidades directas, o responsável do PCP-Viseu, João Pauzinho, frisa que, "a haver responsáveis, é o Presidente da República". "Se [Jorge Sampaio] tem algum compromisso com Canas, deve cumpri-lo", apelou, acrescentando que "não se deve misturar a questão do concelho com os problemas ambientais [relativos ao abandono das antigas minas de urânio] e aos dos trabalhadores da Empresa Nacional de Urânio [ENU]".”

Por fim os Bloquistas:
“Do Bloco de Esquerda, Maria da Graça Pinto apontou o dedo ao Governo, que considera responsável pelos confrontos entre moradores e GNR, uma vez que "a forma como o executivo conduziu o processo abriu portas a questões como a posição ambígua" de Jorge Sampaio. "Colocar na mira de tiro o Presidente não contribuiu para resolver nada", vincou.”

Temos o apoio de todos os partidos da esquerda à direita, menos o PS, estarão eles todos enganados

Os irresponsáveis

Quinta-feira, 4 de Novembro 2004

Urânio em Canas de Senhorim armazenado sem condições de segurança
Sem segurança e de fácil acesso, o urânio concentrado armazenado nas antigas instalações das Minas da Urgeiriça está ao alcance de qualquer pessoa. Uma preocupação manifestada pelo deputado socialista António Galambra em requerimento apresentado ao primeiro-ministro

A falta de condições de segurança das instalações de armazenamento de urânio em Canas de Senhorim é motivo de uma interpelação do deputado socialista António Galamba ao primeiro-ministro.
O deputado está preocupado com a facilidade com que qualquer pessoa pode aceder ao material radioactivo que pode ser «susceptível de aproveitamento por redes terroristas».
No passado fim-de-semana populares de Canas de Senhorim afectos ao Movimento pela Restauração do Concelho foram às antigas instalações de exploração mineira e carregaram um tractor com o material que pretendem levar a Lisboa, uma iniciativa de protesto para impedir a saída de 127 toneladas de urânio concentrado e que, alegadamente, o Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação pretenderá vender à Alemanha por cerca de 3,5 milhões de euros.
Segundo António Galamba, esta acção veio demonstrar que os «populares, como qualquer indivíduo com más intenções, podem aceder com toda a facilidade, sem qualquer tipo de fiscalização ou controle, à área onde se encontram armazenados recipientes contendo urânio».
«Isto é um sinal inequívoco da fragilidade das instalações e da total ausência de mecanismos de segurança que garantam aos cidadãos que a matéria radioactiva com potencial de utilização na concepção de instrumentos de guerra ou de terrorismo está devidamente guardada», alertou o deputado.
É com esta preocupação e considerando ser público o «interesse de grupos terroristas em matérias e instrumentos susceptíveis de reforçar o seu potencial de destruição» que António Galamba questiona Santa Lopes como é que o Governo, depois dos atentados nos EUA e em Espanha, justifica a «aparente facilidade» com que os cidadãos de Canas - «não estando em causa o direito dos cidadãos a expressarem as suas opiniões ou os protestos nos termos protegidos pela Constituição de um Estado de Direito» -acederam ao local e se tal situação se vai manter no futuro.
António Galamba pede ainda explicações sobre as iniciativas desenvolvidas pelo Governo, através da Empresa de Desenvolvimento Mineiro SA que é quem representa os interesses do Estado no sector, no sentido de identificar as responsabilidades no «modo irresponsável» como o urânio está amazenado.
Por fim, o socialista pretende também saber se se concretiza a venda do material radioactivo à Alemanha e se este é um negócio destinado a «maquilhar o défice do Estado».
Como a recuperação ambiental ainda por fazer, estima-se que subsistem nas minas da região cerca de 325 toneladas de urânio.
Notícia Diário Regional de Viseu

Meu amigo Galamba, onde estava a sua preocupação a quando da presença do PS no Governo?

Bosnia a Concelho

Agora que entramos numa fase de confronto (ainda que soft) com o Presidente da República, convém que todos, mesmo todos, concordemos ou não com as estratégias, confrontarmos o Cenoura (gostei deste termo do Sr. Fulano de Tal) com as suas mentiras ou, no mínimo, esquecimentos.
Se já se fez um Orçamento de Estado em troca de um queijo, agora quer-me parecer que temos um concelho na gaveta por causa de um Presidente que come muito queijo. Diria mais, temos para os lados de Belém apreciadores de queijo compulsivos, até o Chefe da Casa Civil está neste rol.
Este último esquece que a Casa Civil também é de todos os portugueses e não só do PS e suas opiniões… Este parece esquecer as vezes que veio a Canas “estudar” o problema e das conclusões que ele próprio chegou.
O Sr. Presidente da República parece esquecer que disse que a situação de “Canas era igual à da Bósnia (sic)”, parece esquecer aquilo que disse aos populares de Canas em Carregal do Sal (eu ouvi), parece esquecer que a Assembleia da República só votou a elevação de Canas a Município depois do seu sim (na pessoa do Chefe da Casa Civil) numa pastelarias de Belém.
E agora pergunto eu: se isto é a Bósnia porque não chama o Sr. Presidente a Nato para resolver o problema? Se isto é a Bósnia o que fez o Presidente para alterar este estatuto?

Para aqueles que se riem de nós compararmos Canas a Timor, riam-se do Presidente por nos comparar à Bósnia, ou não?

O Presidente demonstra conhecer muito bem o problema de Canas de Senhorim, disso não tenho dúvidas, temos uma Lei votada, outra vetada, mas a Bósnia continua aqui… A sofrer!...

Quem ganha com a criação de concelhos?

O que ganha Canas de Senhorim em passar a concelho? A pergunta dirigia-se a um grupo de populares que nas ruas do futuro concelho festejavam a boa nova vinda de S. Bento.

«Assim de momento, não estou a ver nada. Mas há com certeza muitas vantagens», atirou a porta-voz dos foliões. E a festa seguiu em frente ao som de muitos: «Canas, Canas, Canas».

Há décadas que os habitantes de Fátima, Canas de Senhorim, Tocha, Esmoriz e Samora Correia lutavam pela elevação a concelho. Uns com mais vigor que outros, mas todos com a mesma convicção: a criação dos concelhos só traz vantagens. Só os dois primeiros conseguiram.

O que se ganha em ser concelho? Vejamos o exemplo de Vizela.

Francisco Ferreira é o presidente do «concelho mais dinâmico do país», um título atribuído pelo Ministério das Finanças a Vizela, autarquia socialista, elevada a concelho em 1998.

Investimentos de pequenas e médias empresas, elevado número de estudantes universitários e o aumento da população, num total de 23 mil pessoas, foram alguns dos parâmetros analisados pelas Finanças.

O presidente da Câmara de Vizela ainda recorda o tempo em que as sete freguesias estavam dispersas por Guimarães, Lousada e Felgueiras.

«Em 1998 só duas freguesias tinham saneamento básico e apenas três e meia dispunham de água canalizada». As obras já estão adjudicadas e até 2005/06 todo o concelho estará coberto por água e saneamento.

Além do centro de saúde, «que brevemente começará a ser construído», também há investimentos na educação. «Fizemos 14 salas do pré-primário que vão cobrir 95 por cento do concelho». Também «reconvertemos a escolas do primeiro ciclo, criando cantinas em todas, e fizemos um polidesportivo».

Adjudicada está ainda a obra do mercado municipal, bem como a da biblioteca, devendo, esta última, ficar concluída no próximo ano.

A aposta nas alternativas viárias está na rua, com intervenções destinadas a reestruturar vias e melhorar a mobilidade para entrada e saída do concelho.

Quando a oposição critica o facto de haver «muitas obras nas ruas ao mesmo tempo» o autarca prefere pensar que é de um elogio que se trata. «Pois, antigamente não havia obras nas ruas porque não se fazia nada!».

«As pessoas queriam mais obra e mais depressa e eu também gostava muito de aparecer mais vezes na fotografia com inaugurações, mas não se fazem omeletas sem ovos», desabafa Francisco Ferreira.

Com um orçamento de três milhões de contos, o concelho tenta recuperar de um «atraso estrutural». O povo queria gerir os dinheiros a que tinha direito, e assim fez.

Aos novos presidentes de câmara o autarca de Vizela deixa umas dicas: «Tirem a radiografia do concelho, vejam o que falta e depois façam». Parece simples!
Cláudia Rosenbusch

Estudos científicos!...

O presidente da república sempre gostou de estudos sociais e livros brancos... A luta de Canas anda a ser estudada há anos e continua... Todos nos dão razão, até cientificamente temos razão...


Uma localidade da Beira em protesto: memória, populismo e democracia
José Manuel de Oliveira Mendes - Portugal

Numa época de crise da democracia representativa e dos sistemas tradicionais de representação política, este capítulo descreve e analisa as práticas de um movimento social local que permitiu a criação de um espaço público local dialogo e participado e a re-especificação dos conceitos de liberdade, de democracia e de poder. Trata-se do movimento que há várias décadas vem lutando pela elevação a sede de concelho da localidade de Canas de Senhorim. Assente numa ideologia de igualitarismo radical e de luta contra os poderes hegemónicos, no entrecruzar de memórias com espessuras temporais distintas, esse movimento produziu sociabilidades políticas alternativas, dando voz e direito de cidadania aos diferentes grupos da localidade. Relevante é a participação activa das mulheres, que origina tensões entre uma prática política emancipatória e a reprodução de uma lógica patriarcal no espaço doméstico.

Em contraponto com muitas das teorias dos movimentos sociais, também é dada especial ênfase ao papel das emoções e da violência na definição das identidades pessoais e colectivas dos participantes no movimento em estudo. Procura-se indagar como se transformam a indignação e a crítica em acção colectiva, originando um localismo radical e utópico que permite resistir e, ao mesmo tempo, construir espaços de cidadania, de diálogo e de tensão transformadora.

Ler tudo em:
http://www.ces.fe.uc.pt/emancipa/research/pt/ft/indignacao.html