quinta-feira, 2 de dezembro de 2004

Quem ganha com a criação de concelhos?

O que ganha Canas de Senhorim em passar a concelho? A pergunta dirigia-se a um grupo de populares que nas ruas do futuro concelho festejavam a boa nova vinda de S. Bento.

«Assim de momento, não estou a ver nada. Mas há com certeza muitas vantagens», atirou a porta-voz dos foliões. E a festa seguiu em frente ao som de muitos: «Canas, Canas, Canas».

Há décadas que os habitantes de Fátima, Canas de Senhorim, Tocha, Esmoriz e Samora Correia lutavam pela elevação a concelho. Uns com mais vigor que outros, mas todos com a mesma convicção: a criação dos concelhos só traz vantagens. Só os dois primeiros conseguiram.

O que se ganha em ser concelho? Vejamos o exemplo de Vizela.

Francisco Ferreira é o presidente do «concelho mais dinâmico do país», um título atribuído pelo Ministério das Finanças a Vizela, autarquia socialista, elevada a concelho em 1998.

Investimentos de pequenas e médias empresas, elevado número de estudantes universitários e o aumento da população, num total de 23 mil pessoas, foram alguns dos parâmetros analisados pelas Finanças.

O presidente da Câmara de Vizela ainda recorda o tempo em que as sete freguesias estavam dispersas por Guimarães, Lousada e Felgueiras.

«Em 1998 só duas freguesias tinham saneamento básico e apenas três e meia dispunham de água canalizada». As obras já estão adjudicadas e até 2005/06 todo o concelho estará coberto por água e saneamento.

Além do centro de saúde, «que brevemente começará a ser construído», também há investimentos na educação. «Fizemos 14 salas do pré-primário que vão cobrir 95 por cento do concelho». Também «reconvertemos a escolas do primeiro ciclo, criando cantinas em todas, e fizemos um polidesportivo».

Adjudicada está ainda a obra do mercado municipal, bem como a da biblioteca, devendo, esta última, ficar concluída no próximo ano.

A aposta nas alternativas viárias está na rua, com intervenções destinadas a reestruturar vias e melhorar a mobilidade para entrada e saída do concelho.

Quando a oposição critica o facto de haver «muitas obras nas ruas ao mesmo tempo» o autarca prefere pensar que é de um elogio que se trata. «Pois, antigamente não havia obras nas ruas porque não se fazia nada!».

«As pessoas queriam mais obra e mais depressa e eu também gostava muito de aparecer mais vezes na fotografia com inaugurações, mas não se fazem omeletas sem ovos», desabafa Francisco Ferreira.

Com um orçamento de três milhões de contos, o concelho tenta recuperar de um «atraso estrutural». O povo queria gerir os dinheiros a que tinha direito, e assim fez.

Aos novos presidentes de câmara o autarca de Vizela deixa umas dicas: «Tirem a radiografia do concelho, vejam o que falta e depois façam». Parece simples!
Cláudia Rosenbusch