Postado por @Galinha Riça no Blogue "Mulherio de Canas" (link no menu lateral)
Ontem prometi a mim própria sentar-me em frente à televisão e ver atentamente o jogo de futebol que opôs a Holanda a Portugal. A minha perspectiva de um jogo de futebol é muito pouco racional pois não sou dotada de conhecimentos técnicos nem acompanho os bastidores destes teatros desportivos para poder avaliar estratégias ou outros factores que os comentadores usualmente enfatizam. Digo enfatizam porque, após escutar alguns supostos entendidos na matéria, entendi que a imponderabilidade do futebol permite todo o tipo de especulação e, seja um catedrático desportivo ou uma ignorante como eu, tudo nos será permitido e desculpado dada a impossibilidade de qualquer exercício científico de compromisso opinativo. Tudo é possível e nada garantido.
Mas tal facto não se esgota nos meandros da análise. As próprias regras desta prática desportiva, para uma leiga como eu ou para um perito no assunto, são a maior parte das vezes ininteligíveis e de uma relatividade que, frequentemente, transporta a apreciação para a dimensão do absurdo. Senão vejamos:
- Bola na mão ou mão na bola! Vi um dos jogadores da Holanda ajeitar a bola com a mão. O árbitro assinalou falta mas não mostrou amarelo; o Costinha pôs a mão à bola e toma lá um amarelo!
- Os tais fora de jogo, que eu já vou percebendo, mas que, em determinadas circunstâncias, são de uma dificuldade de avaliação desumana. Nem uma águia, no seu melhor golpe de visão, conseguiria aquilatar tal regra.
- O Cristiano Ronaldo e um atacante da Holanda foram literalmente agredidos. Então as regras não ditam expulsão nestes casos? No caso do atacante da Holanda, e ainda bem para nós, o lance foi totalmente ignorado! Até daria penalty. No caso do agressor do Cristiano, se comparado com o amarelo do Deco, então a falta de equidade é abissal.
- Não consegui perceber a lógica dos cartões amarelos. Ora eram ignorados ora mostrados displicentemente. O Deco levou um amarelo porquê? O que é que me escapou! Foi por agarrar a bola com a mão! Bem, se foi, não ficava nenhum jogador em campo.
- Então quando um jogador agarra outro pela camisola ou pelo braço não é falta!!! Vi, especialmente nos cantos os jogadores puxarem-se, agarrarem-se, mas nem árbitros nem comentadores tomarem posição. Como se fosse normal e permitido!!! Será que é?
- Então e a tal regra do fair-play! Com tanta regra não poderiam criar uma que evitasse atropelos ao fair-play. Se o jogador não fosse abalroado por um dos nossos e marcasse golo seria invalidado? Não me parece. E se isso acontecesse numa final e resultasse determinante para decidir o campeão. Ficava a festa estragada por falta de fair-play. Seria uma vergonha para o campeão mas não me parece que influenciasse a consagração.
O que estará mal neste jogo. A flexibilidade das regras ou a incapacidade humana para as fazer cumprir. Claro que qualquer avaliação é subjectiva, mas esta reveste-se de tantas incongruências que só agora percebi o porquê de tanta confusão no mundo do futebol e dos comportamentos tresloucados de agentes e adeptos. Se a isso somarmos suspeições sobre a idoneidade dos árbitros, então a tal magia que é atribuída a este desporto ganha um colorido bem mais tenebroso, mais próximo da magia-negra que da fantasia que os artistas da bola ainda imprimem a este espectáculo.
Perdoem-me se estou a dizer disparates. Porém, sobre esta matéria já percebi que tudo é permitido e, como tal, aqui fica a minha primeira análise (espero que última) a um jogo de futebol.
Viva Portugal.
Bons repenicos