sábado, 11 de março de 2006

Me engana que eu gosto!

14-02-2005
Os trabalhos preparatórios para a recuperação ambiental da Barragem Velha das minas de urânio da Urgeiriça, Canas de Senhorim, deverão arrancar até ao final da semana, disse hoje um técnico responsável pelo projecto.
Inicialmente anunciado para hoje, o início dos trabalhos sofreu o atraso de alguns dias "por razões que têm apenas a ver com o empreiteiro", justificou José Torrinha, técnico da Exmin, que está a ser fundida na Empresa Nacional de Urânio (EDM).
"Estive em contacto com o empreiteiro e é provável que comecem ainda esta semana", referiu.
Na Barragem Velha estão depositados resíduos radioactivos resultantes de décadas de exploração de minas de urânio na Região Centro.
Nos próximos dois meses vão realizar-se trabalhos preparatórios para a requalificação daquela zona, uma vez que os de fundo, que incluem a projectada selagem, estão dependentes do Estudo de Impacto Ambiental (EIA), cujo processo ainda não está concluído.
"O que se vai fazer agora, e de que foi dado conhecimento prévio ao Instituto do Ambiente, são trabalhos preparatórios, que não colidem com o que vier a ser aprovado", nomeadamente a vedação de toda a zona com muros e portões, a limpeza de uma vala de drenagem da periferia e a instalação de um sistema de "lava-rodas" dos camiões que depois terão de circular na via pública, explicou.
Segundo José Torrinha, para uma fase posterior está prevista "a selagem da Barragem Velha e adicionalmente, se houver concordância do EIA, a incorporação nesse local dos resíduos que estão na escombreira de Santa Bárbara e junto ao Poço Dois".
"Esperamos que em Março venha a declaração de impacto ambiental; vamos ver se é preciso remodelar algum aspecto do projecto para depois ser lançado o concurso para a empreitada da obra de fundo".
De acordo com o que foi avançado na semana passada na Urgeiriça pelo secretário de Estado do Desenvolvimento Económico, Manuel Lancastre, os trabalhos na Barragem Velha estão orçados em 6,3 milhões de euros.
Associação Ambiente em Zonas Uraníferas discorda de selagem do local
Na expectativa de que os trabalhos começassem hoje, deslocaram-se esta tarde à Barragem Velha elementos da Associação Ambiente em Zonas Uraníferas (AZU), que discorda do projecto de selagem do local.
O presidente da AZU, António Minhoto, reiterou aos jornalistas que a transladação das terras existentes na Barragem Velha para os locais de origem, ou seja, as minas de urânio da Região Centro, "seria o método mais eficaz e melhor para a saúde pública".
"Selar a barragem tem uma durabilidade de 30 anos, depois teremos o mesmo problema para resolver", afirmou, explicando que a transladação permitia resolver dois problemas: o do impacto ambiental provocado pelo "morro" da Barragem Velha - situada numa zona considerada habitacional pelo Plano Director Municipal - e os "céus abertos" de onde foram retiradas as terras.
Caso a selagem seja mesmo para avançar, então a AZU entende que os inertes de Santa Bárbara e do Poço Dois devem antes ser levados para a pedreira da Cominalta, nas proximidades, e não sobrecarregar a Barragem Velha.
"Temos dúvidas (sobre) se com mais materiais em cima não vá haver uma nova derrocada", alertou António Minhoto, lembrando que já ocorreram duas.
A AZU critica ainda o calendário escolhido pelo Governo para anunciar a requalificação das minas de urânio, questionando o que acontecerá caso o novo executivo discorde do projecto.
A requalificação das minas da Urgeiriça, para onde estão também previstos trabalhos na Barragem Nova (a partir de 2007), integra-se num plano nacional que pretende recuperar 175 minas degradadas de Norte a Sul do país, incluindo as 61 de urânio existentes na Região Centro