Vinde, vinde senhores ver: a vaca morreu, finou, bateu a caçoleta , finou-se, encomendou a alma ao criador.
Tanto mamaram os fidalgos, tantos ordenharam os burgueses, tanto chuparam os clérigos que a vaca morreu!
Criticada pela quantidade e pela qualidade do leite, mal tratada pela higiene do úbere, gozada pelo tamanho da teta, jaz agora a nobre defunta.
Vinde, vinde senhores: cantai cânticos de nojo, por aquela que leite vos dava, vos alimentava, vos engordava...
Vinde, vinde senhores: lamentai agora o leite mal bebido, o leite derramado, o leite roubado da boca de uma criança. Discutais agora quem mais chupou? Olhai mas é para aqueles que agora acusais da morte da vaca, aqueles que nunca mamaram, os mesmos que aproveitavam o leite caído dos vossos frondosos beiços na terra.
Vinde, vinde senhores: A Vaca está morta... Morreu... Mataram-na de tanto a esmifrarem!
Não culpeis a Vaca! De dentro dela só saía o leite que ela conseguia produzir. E até era muito!... O seu leite chegava para todos se não houvessem chupistas, se os mesmos de sempre não ocupassem demasiado tempo e demasiadas vezes as 4 tetas!...
Vinde, vinde senhores ver a vaca morta, mamai agora na teta do bobo.
Vinde ver senhores!
Respeitai a próxima Vaca, se houver Vaca!