O @Portugasuave, mereceu desde sempre o meu respeito. Depois da resposta que o 1º de Janeiro publicou, algo me diz que a minha resignação tende a acabar!...
Obrigado portuga!
Causa-me estranheza a arrogância de Zulmiro Barbosa, porta-voz do MRTC (Movimento de Rio Tinto a Concelho) que, em declarações ao jornal “O Primeiro de Janeiro”, considera “uma brincadeira as candidaturas a concelho das vilas de Canas de Senhorim e Fátima”, comparadas com a de Rio Tinto.
Zulmiro Barbosa, contrapõe, como projecto sério, a elevação de Rio Tinto a concelho, por oposição à “brincadeira” de projectos, como o de Canas de Senhorim ou Fátima e sustenta tal alusão com o número de habitantes das freguesias a anexar, que ronda os 85 mil, insinuando subtilmente a nossa pequenez.
Desdenha este senhor das nossas aspirações, ignorando que a formalização da luta de Canas ocorreu em 1975 através da criação do MRCCS (Movimento de Restauração do Concelho de Canas de Senhorim), altura em que esta vila era um dos principais pólos industriais do País, a vila do distrito com maior rendimento per capita e a terceira estação ferroviária, a nível nacional, em cargas e descargas.
Ao senhor Zulmiro Barbosa, e a outros que pensam como ele, sempre lhes digo que a seriedade que assiste à causa de Canas de Senhorim nada deve à de Rio Tinto e muito menos é mensurável em função do número de habitantes. A luta de Canas constitui caso único na Europa, emana da história, enraíza no povo e consolida-se na vontade. Mesmo vítima de adversidades várias, como a interioridade, o isolamento, a hostilização, o desinvestimento e a prepotência autárquica, Canas faz da sua pequenez grandeza moral, resistindo estoicamente ao abandono a que foi sujeita pelos sucessivos ventos políticos, inclusive os da democracia, e teima heroicamente em não se deixar vencer pelo abandono a que foi votada. Foi aqui que nascemos e é aqui que desejamos viver com a dignidade que nos é devida, ainda que tenhamos que suportar considerações megalómanas de quem vive ou parasita à sombra de grandes cidades, privilégio que Zulmiro Barbosa deliberadamente omitiu, mas que, por certo, lhe instigou a insolência.
Ainda na sequência das declarações do porta-voz do MRTC, a afirmação de que “tais projectos não passaram na Administração Central”, referindo-se a Canas de Senhorim e Fátima, é destituída de qualquer relevância. A criação das condições para que o nosso projecto se realizasse foi aprovada com os votos favoráveis de todos os partidos representados na Assembleia, à excepção do PS, e só em sede de ratificação foi vetada pelo presidente, facto que consubstancia um acto político, não um acto administrativo. E aqui sim, pode chamar-lhe uma brincadeira, uma brincadeira de mau gosto perpetrada pelo ziguezaguear do presidente Sampaio, que deu o dito por não dito, traindo os canenses e merecendo destes o justo epíteto de “aldra”, circunstância que, salvaguardadas as distâncias e as razões, Santana Lopes veio agora confirmar no seu livro “Percepções e Realidade”, quando refere que o presidente Sampaio num dia lhe assegurou confiança política e no dia seguinte fez cair o governo de que era Primeiro Ministro.
Mas não fica por aqui a “brincadeira”. Será que Zulmiro Barbosa desconhece os elevados custos humanos e ambientais que Canas sofreu e sofre com a exploração caótica de urânio, sem daí tirar qualquer contrapartida?; Serão uma brincadeira as mortes e as doenças, cientificamente atestadas como consequência da exposição aos elementos radioactivos que se perpetuaram a céu aberto e em más condições de armazenamento e exploração por incúria dos vários responsáveis políticos?; Serão o tratamento e manutenção desses resíduos tóxicos provenientes dessa actividade também objecto de brincadeira?; E a percepção de que, ano após ano, o dinheiro que deveria ser investido na terra daqueles que, com o seu esforço, muito contribuíram para a riqueza nacional, seja aplicado precisamente na sede de um município (Nelas) que insiste em ignorar a natureza desse direito. Também é uma brincadeira? E a verba orçamentada para 2006, que se cifrou em um décimo da “retida” na sede do município? Uma brincadeira, não é verdade?
Ainda acha, senhor Zulmiro Barbosa, que as circunstâncias de Canas são uma “brincadeira” e que as recentes aspirações de Rio Tinto a concelho são as únicas dignas de seriedade? Achará porventura que os canenses andam há 150 anos a “brincar aos municípios”?
A pretensão de Rio Tinto é tão digna de respeito como a de Canas ou Fátima, por isso, não faça do entusiasmo arrogância, pois, como nós canenses bem sabemos, os ventos políticos podem ser muito traiçoeiros.
Obrigado portuga!
Causa-me estranheza a arrogância de Zulmiro Barbosa, porta-voz do MRTC (Movimento de Rio Tinto a Concelho) que, em declarações ao jornal “O Primeiro de Janeiro”, considera “uma brincadeira as candidaturas a concelho das vilas de Canas de Senhorim e Fátima”, comparadas com a de Rio Tinto.
Zulmiro Barbosa, contrapõe, como projecto sério, a elevação de Rio Tinto a concelho, por oposição à “brincadeira” de projectos, como o de Canas de Senhorim ou Fátima e sustenta tal alusão com o número de habitantes das freguesias a anexar, que ronda os 85 mil, insinuando subtilmente a nossa pequenez.
Desdenha este senhor das nossas aspirações, ignorando que a formalização da luta de Canas ocorreu em 1975 através da criação do MRCCS (Movimento de Restauração do Concelho de Canas de Senhorim), altura em que esta vila era um dos principais pólos industriais do País, a vila do distrito com maior rendimento per capita e a terceira estação ferroviária, a nível nacional, em cargas e descargas.
Ao senhor Zulmiro Barbosa, e a outros que pensam como ele, sempre lhes digo que a seriedade que assiste à causa de Canas de Senhorim nada deve à de Rio Tinto e muito menos é mensurável em função do número de habitantes. A luta de Canas constitui caso único na Europa, emana da história, enraíza no povo e consolida-se na vontade. Mesmo vítima de adversidades várias, como a interioridade, o isolamento, a hostilização, o desinvestimento e a prepotência autárquica, Canas faz da sua pequenez grandeza moral, resistindo estoicamente ao abandono a que foi sujeita pelos sucessivos ventos políticos, inclusive os da democracia, e teima heroicamente em não se deixar vencer pelo abandono a que foi votada. Foi aqui que nascemos e é aqui que desejamos viver com a dignidade que nos é devida, ainda que tenhamos que suportar considerações megalómanas de quem vive ou parasita à sombra de grandes cidades, privilégio que Zulmiro Barbosa deliberadamente omitiu, mas que, por certo, lhe instigou a insolência.
Ainda na sequência das declarações do porta-voz do MRTC, a afirmação de que “tais projectos não passaram na Administração Central”, referindo-se a Canas de Senhorim e Fátima, é destituída de qualquer relevância. A criação das condições para que o nosso projecto se realizasse foi aprovada com os votos favoráveis de todos os partidos representados na Assembleia, à excepção do PS, e só em sede de ratificação foi vetada pelo presidente, facto que consubstancia um acto político, não um acto administrativo. E aqui sim, pode chamar-lhe uma brincadeira, uma brincadeira de mau gosto perpetrada pelo ziguezaguear do presidente Sampaio, que deu o dito por não dito, traindo os canenses e merecendo destes o justo epíteto de “aldra”, circunstância que, salvaguardadas as distâncias e as razões, Santana Lopes veio agora confirmar no seu livro “Percepções e Realidade”, quando refere que o presidente Sampaio num dia lhe assegurou confiança política e no dia seguinte fez cair o governo de que era Primeiro Ministro.
Mas não fica por aqui a “brincadeira”. Será que Zulmiro Barbosa desconhece os elevados custos humanos e ambientais que Canas sofreu e sofre com a exploração caótica de urânio, sem daí tirar qualquer contrapartida?; Serão uma brincadeira as mortes e as doenças, cientificamente atestadas como consequência da exposição aos elementos radioactivos que se perpetuaram a céu aberto e em más condições de armazenamento e exploração por incúria dos vários responsáveis políticos?; Serão o tratamento e manutenção desses resíduos tóxicos provenientes dessa actividade também objecto de brincadeira?; E a percepção de que, ano após ano, o dinheiro que deveria ser investido na terra daqueles que, com o seu esforço, muito contribuíram para a riqueza nacional, seja aplicado precisamente na sede de um município (Nelas) que insiste em ignorar a natureza desse direito. Também é uma brincadeira? E a verba orçamentada para 2006, que se cifrou em um décimo da “retida” na sede do município? Uma brincadeira, não é verdade?
Ainda acha, senhor Zulmiro Barbosa, que as circunstâncias de Canas são uma “brincadeira” e que as recentes aspirações de Rio Tinto a concelho são as únicas dignas de seriedade? Achará porventura que os canenses andam há 150 anos a “brincar aos municípios”?
A pretensão de Rio Tinto é tão digna de respeito como a de Canas ou Fátima, por isso, não faça do entusiasmo arrogância, pois, como nós canenses bem sabemos, os ventos políticos podem ser muito traiçoeiros.
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