segunda-feira, 16 de maio de 2011

Os velhos dos Marretas

Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista esonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas..."
Guerra Junqueiro, in "Pátria", escrito em 1896
Escrevo sobre aqueles que são sempre parte do problema!... Aqueles que, por circunstâncias diferentes da vida, se põem aparentemente, de parte da vida cidadania e política mas são os primeiros a tomar partido e a rotular os outros.
Eu acredito nas pessoas!... Chamem-se ingénuo pois então, mas acredito!... Pelo menos acredito até elas me provarem que não são dignas da minha fé!... Podemos (posso) fazer como os velhos dos marretas e criticar tudo o que se nos aparece pela frente no palco da vida... Considerar de tudo uma tragicomédia, manter-se moralmente acima dos outros, olhar com desprezo os actores que tentam, muitas vezes de forma incompetente, representar as vicissitudes da vida. Não desconfio, por princípio, das pessoas antes pelo contrário!

A coerência implica mudança, a coerência implica uma avaliação e modificação constante, a coerência implica competência para reconhecer a razão dos outros e os nossos erros, coerência implica inteligência para procurar os pilares da felicidade humana... A conformidade entre os factos (actos) e as ideias implica a que quando se muda de ideias de mudem os actos e não o seu contrário.
Depois a convicção... De momento tenho poucas, o que é mau reconheço!... Contudo, é convicção minha que o anarquismo, a irresponsabilidade e o humor negro triunfarão mais dia menos dia... Triunfará, se é que já não triunfou, a arte do nada fazer... Ou ainda pior, o culto do nada fazer misturado com o "chicoespertismo" do "venha a nós"!...
Principalmente, não me gabo de obra feita à custa do trabalho de outros, não ando na penumbra de chapéu na mão e não estou "pendurado" em nenhuma autarquia, Instituto, Fundação ou Ministério, apenas lhes pago o ordenado! Sou, por assim dizer, um papalvo!
Competência, convicção e coerência em fazer algo pelos outros, pelas associações, pela comunidade pelo país... Competência, convicção e coerência cada um toma a quer!

Concluo que me estou a tornar numa pessoa tipo "Velho dos Marretas" só que eu assumo isso, não é?

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