terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Para não esquecer!...

O despique
Cingab VS Achadiça

Rapariga, se és forasteira
E queres milho na capoeira
Não procures no Rossio
Pois lá o cortejo é coxo
E os galos sem pavio

Vem mas é ó Paço
Se queres encher o regaço

Forasteiros, forasteiras
Não acreditem no que a Achadiça diz
No Rossio encontras tudo
É onde te sentes Feliz

Se até as próprias “pacenses”
Ao Rossio se vêm mostrar
Aos galos de penas brilhantes
Que muitas galadelas têm para dar

A Achadiça esconde o milho
das “forasteiras” que convida
Talvez queira ficar com tudo
Talvez às amigas encher a barriga?

Não faça isso ó amiga
Que o Rossio dá para tudo
Venham de lá as galinhas
Vamos todos encher o “bandulho”

Os galos do Rossio
escrevem poemas bem esgalhados
é pena que de pavio
estejam tão mal equipados

Cada pavio do Rossio
vale muito, não sem consome
O mal está no cuspir
No prato onde se come!

No prato onde se come
Cada um põe o que quer
Se não queres passar fome
Vem para o Paço mulher

Publicidade enganosa
É punida pela lei
A achadiça é gulosa
Não deixa nada a ninguém

Não deixo nada a ninguém
Isso é engano do Cingab
P’rós seus lados não há é quem
Tome conta do que lhe cabe

Achadiça não ofereça
Galo não come bolota
Aquilo que nos oferece
Mais vale com a irmã da conhota.

No rossio há dos bons
E eu bem sei que não recusa
Mas as galinhas do paço
Aos de crista não dão tusa

Estava isto a correr bem
com piada e sem cretinice
logo tinha que vir alguém
fazer uso da ordinarice

Para responder à vulgaridade
Que o façam as do Rossio
Pois a minha dignidade
Não permite tal desafio

Se quer continuar a folia
não seja tosco nem vulgar
Quanto à brejeirice agradecia
que a deixasse noutro lugar

Se do paço é a amiga
Boa é a linguajar
A sua dignidade preservo
Aqui e em qualquer lugar

Mas a crista eu não baixo
Me desculpe Achadiça
Quero ver o fundo ao tacho
Tenha ele grelo ou nabiça

De fora vêm galinhas
sedentas de um bom galar
Abrem bem as a asinhas
O que é sempre de saudar

Mas os galos d'outras quintas
Deixam-vos sempre a arfar
Esquecem-nos, e não me mintas
e ficamos a chuchar

Também eu já andei
Por essas disputas preversas
Agora uma coisa sei:
Eu já não vou em converças

Assim é que é falar
Nem parece do Rossio
Vamos lá continuar
Entendido o desafio

Entendido o desafio
Dá-me gosto responder
O mal do Rossio
É não querer perceber

É não querer perceber
Qu'o Paço é sensacional
Como prova o entardecer
De terça-feira de carnaval

De terça-feira de carnaval
Que nos consagra a vitória
Onde o Paço é fenomenal
E o Rossio não faz história

E o Rossio não faz história
Nem deixa recordação
Para alcançar tal glória
É preciso ambição

É preciso ambição
E fazer as quadras rimar
Usar uma combinação
Que as ponha par a par

Que as ponha par a par
Como faz a Achadiça
Não é só despejar
Conversa de hortaliça

Conversa de hortaliça
Com grelos à mistura
Inspira-me a preguiça
P’ra continuar a leitura

Foi um despique com brio
Mas ei-lo chegado ao fim
Viva o Paço e o Rossio
Viva Canas de Senhorim

Se de rimas quer falar
É porque a verdade lhe custa
Não me importo de errar
O despique não me assusta

Bom poeta não sou
E do latim pouco sei
Mas rimar de par em par
Não está escrito na Lei

Um Poema não é só rima
Mas um sentimento profundo
De um povo que se anima
Num entrudo com'ó Mundo

Por muito que queira a amiga
E digo-lhe com amizade
A mentira repetida
Não se transforma em verdade

Pois o Paço sempre ganha
E este é seu triste fado
Experiência para o ano
Permita-me mais este recado.

E nisto dos galinheiros
Pelo menos é o que acho
Para um ficar por cima
Alguém tem de ficar por baixo

Chegou ao fim, pois então
O despique neste blogue
Viro-me agora p'ró pisão
Que também é coisa nobre

Um obrigado lhe direi
Por causa desta fiel liça
A contenda não esquecerei
Com a amiga Achadiça

Rossio e o Paço, Viva!
Viva Canas de Senhorim
O melhor Carnaval do Mundo
Que trago dentro de mim

2 comentários:

Pombo correio disse...

Belo despique, youuuuuu.

Achadiça disse...

O Cingab acusou o toque
Mas a história não acaba assim
Há mais quadras no berloque
Carnaval de Canas de Senhorim

Estão n'A Espiga de Milho
P'ra lhe dar satisfação
Foram feitas com brilho
E com muita devoção

Se lhe agrada o despique
Eu não lhe digo que não
Só espero que não fique
Esgotado na inspiração