sexta-feira, 4 de novembro de 2005

A caminho da Liberdade

Se gostassem de analogias (mas pelos vistos até nem gostam) diria que neste momento parece, repito parece, que saímos do campo de concentração e colocaram-nos na prisão… Continuamos presos, com mais direitos e também com mais deveres!...

Sempre é melhor termos um quarto com grades, do que uma camarata sem higiene onde estão mais de 100 pessoas…
É melhor comer numa cantina do que à chuva no meio de um lamaçal…
É melhor estar sujeito a julgamento civil do que um militar (onde corremos o risco de uma sentença de morte)

Contudo, será justo dizer, que continuamos privados da liberdade… Essa “coisa” que acaba quando começa a dos outros, a mesma que todos anseiam mas ainda ninguém conseguiu explicar bem o que é!
Continuamos privados de gerir a nossa própria casa, de pormos em prática os empreendimentos de que já provámos ser capaz de realizar, de abrir novas fronteiras…
Tiraram-nos a bola e acorrente de ferro que tínhamos agarrado ao pé, mas continuam a privar-nos os movimentos fora de muros…

Como diria Mário Soares, “o Homem não é nada sem a sua história”… Eu diria, que um Povo não é nada sem a sua história, sem o seu querer, sem os seus anseios… Neste, agora, estabelecimento prisional, muitos de nós lutam por ter mais um pão ao pequeno-almoço, mais 3 maços de tabaco, uma faxina menos dura… Mas isso é normal em todas as prisões, em quase todos os homens em que a sua liberdade foi limitada…
Nesta prisão não há só criminosos… É uma prisão peculiar… Se é verdade que alguns são caso de polícia, também não é mentira que quase todos são casos de prisões políticas…

Não lutamos pela sobrevivência pessoas, lutamos pela sobrevivência de uma identidade… Pelo sonho de podermos voar sobre um muro alto, que um dia foi de arame farpado…. Só espero que não nos coloquem num qualquer corredor da morte… Ou já lá estamos?